quarta-feira, 16 de março de 2011

Hinduismo - Deuses e Deidades

Ao contrário do que a maioria pensa, a crença prevalecente do Hinduísmo é que há apenas uma única deidade Suprema e Absoluta, chamada Brahman.

Brahman - (termo neutro) é a Raiz Suprema, Imutável, Pura, Livre, Incorruptível, sendo a Verdadeira Existência Una
a Essência da Vida e Luz do Universo..
de onde emana

Brahmâ - o Criador , a Potência Masculino-Feninimo que se expande no Universo Manifestado.
O Universo vive em Brahmâ, dele procede e a ela voltará
porque Brahman - o não manifestado
é aquele Universo in abscondito
e Brahmâ - o manifestado é o Logos macho-femea.


Dizem os Hindus que o Universo é Braman e Brahmâ
porque Braman está em todo átomo do Universo,
sendo que os seis princípios da Natureza
são a expressão ou aspectos vários e diferenciados do
Sétimo e Uno Principio que é Brahman

e

Brahmâ - é o 6° Princípio - o veículo de Brahman
no plano da manifestação e da forma
ocasionando todas as permutações psíquicas, espirituais e físicas

O termo Brahmâ - o Criador
deriva da raiz "brid" - crescer, expandir
Daí que ao expandir-se Brahmâ se converte no Universo
tecido de sua própria substância...

A mesma idéia foi traduzida por Goethe nos seguintes versos:


"Assim no estrepidante tear do Tempo
eu trabalho
Tecendo para Deus a veste
com que hás de ver."


Contudo, o Hinduísmo está normalmente associado com uma multiplicidade de formas de adoração a Deus, e não dá preferência para uma forma particular por sobre outra.

As formas de deuses e deusas no Hinduísmo são milhares, e sempre representam os múltiplos aspectos do Brahman.

Todos os inumeráveis nomes e formas de Brahman constituem o que é conhecido no Ocidente como politeísmo, mas Deus é somente um e um só. De modo semelhante como Nossa Senhora tem muitos nomes e atributos no Cristianismo Católico, e mesmo assim é a única e a mesma, assim também é a forma como um hindu vê Deus.

As mais famosas formas das Deidades Hindus é, sem dúvida, a Trimurti (também conhecida como trindade Hindu), onde está
Brahmâ, o criador;
Vishnu, o conservador, e
Shiva, o transformador ou destruidor.

Também é possível encontrar Hindus que adoram os espíritos de arvores e animais.

As Deidades são representadas por uma enormidade e complexidade de imagens e ídolos, simbolizando o pode Divino. Muitos destes ídolos estão alojados em templos de incomparável beleza e grandiosidade da Índia, mas a grande maioria está nas casas das pessoas, e são simples e belamente adorados.


Vishnu


VISHNU, representa SATTVAGUNA, o modo da bondade, e é responsável pela sustentação, proteção, e manutenção do universo.

VISHNU é a fonte original de todos os Avatares e deuses. Ele está Presente em cada átomo da criação, bem como no coração de todos os seres.

A palavra Vishnu significa "aquele que tudo penetra", ou "aquele que tudo impregna".




É apresentado de duas formas principais:

Deitado em uma serpente de mil cabeças, flutuando num oceano de leite.

Neste caso é chamado de Narayana, aquele que mora nas águas cósmicas.
De seu umbigo sai um lótus onde está Brahma, o criador.
A seus pés está Lakshmi, representando a beleza e a riqueza 
que devem se curvar diante do Absoluto.
Envolvendo o lótus está uma serpente, Shesha, ou Ananta, 
que simboliza a eternidade.
Ela possui mil cabeças voltadas para o Senhor Vishnu, representando o ego
com seus mil desejos e pensamentos que reconhecem o Absoluto.

Vishnu é representado também em pé, sobre um lótus ou uma serpente.

Representa o sábio indicando a busca do conhecimento.

Apresenta quatro braços,
tendo em cada mão

um lótus - o conhecimento que sustenta a pureza da mente,
um disco - a destruição da ignorância e dos apegos,
uma concha - a origem da existência, os cinco elementos
uma arma, a massa - o poder do conhecimento, o poder do tempo.

Como preservador do cosmos, Vishnu mantém as leis do universo.

Enquanto a ordem prevalece no universo, Vishnu dorme.

Mas quando há desequilíbrio no universo, Vishnu se utiliza de seu veículo, Garuda, e guerreia com as forças do caos, ou ele envia um de seus avatares (ou encarnações) para salvar o mundo.

Acredita-se que Vishnu teria dez avatares, sendo os mais populares Rama e Krishna. A lista completa dos dez avatares é a seguinte:

1. O peixe Matsya
2. A tartaruga Kurma
3. O urso Varaha
4. O homem-leão Narasimha
5. O anão Vamana
6. O padre guerreiro Parashurama
7. O príncipe Rama
8. O pastor de animais Krishna
9. Buddha-Mayamoha
10. O cavaleiro Kalki


Sua Shakti, ou seja, seu aspecto feminino, sua consorte é Lakshmi, deusa da prosperidade, riqueza e da beleza.
 
 
 

Lakshmi


A deusa da fortuna, fonte de toda a fartura, beleza e saúde neste universo. Ela é a esposa de Vishnu – o sustentador do Universo.

Lakshmi é o principal símbolo da potência feminina, e pode ser reconhecida por sua eterna juventude e formosura.




Ela sempre pode ser vista sentada sobre uma flor de lótus ou portando em mãos flores de lótus, e um cântaro que jorra moedas de ouro.

As lendas dizem que ela surgiu de uma colossal tarefa cósmica entre os principais líderes do bem e do mal, e quando ela apareceu, todas as grandes personalidades presentes perderam a compostura, devido a sua enorme refulgência atrativa e ofereceram tudo que tinham de melhor para tentar conquistá-la.

No entanto, Lakshmi examinou minuciosamente cada um deles e não pode encontrar nenhum naturalmente dotado com todas as boas qualidades.

Assim, como ninguém era internamente desprovido de imperfeições, ela preferiu Vishnu como seu esposo, que está além da matéria, e portanto livre de defeitos.


Geralmente , atribui-se a Lakshimi o símbolo da Suástica, que representa vitória e sucesso. Representa a riqueza, beleza ou fartura

É a parte feminina de VISHNU, o Conservador.

A graça de Deus está personificada em Lakshmi, que é eterna e onipresente.

Na Índia, quando alguém enriquece, se diz que Lakshmi foi visitá-lo, pois ela concede prosperidade e fartura aos homens.

Lakshmi atua, também, na beleza e no amor.
É a Deusa da fertilidade. 

Em uma das mãos posicionada no mudra ABHAYA que diz "Não tenhas medo".
Nos protege.

A outra mão posicionada no mudra VARADA (com os dedos para baixo) nos concede graça e prosperidade.

Segura uma flor de Lótus e senta-se nela, enfatizando a importância da vida pura sem a qual a prosperidade e a graça são como uma concha vazia.

A Flor de Lótus simboliza também a transcendência do espírito sobre a matéria.
O Elo que une a Terra ao Cosmos.


Vishnu e Lakshimi
e a serpente de mil cabeças, flutuando num oceano de leite
 







Sri Shiva Mahadeva

Junto com o Senhor Vishnu e com Devi – esposa de Shiva, Shiva, ou Siva, ou Maha-deva, é um das mais populares deidades no Hinduísmo dos dias de Hoje, apesar de Shiva não aparecer nos clássicos Vedas.

Suas raízes podem ser encontradas junto com o Senhor Rudra – o predecessor de Shiva nos Vedas

Como os outros grandes deuses Hindus, Shiva, cujo nome significa “alguém auspicioso”, é adorado de muitas e muitas formas, bem como por muitos nomes.

Uma vez que o Hinduísmo se espalhou para o subcontinente indiano, as deidades locais e tradicionais foram assimilando e tomando vários aspectos deste Deva.

Algumas das formas de Shiva são:


Dakshinamurti

.
Uma das formas mais populares do Senhor Shiva, como o Supremo Yogi em profunda meditação no Senhor Supremo, Vishnu ou Krishna, é a que Ele se encontra meditando no monte Kailasha, Sua morada nesta Terra, que fica no alto do Himalaia.

Ele é representado como um Sadhu (homem santo) renunciado, coberto com uma tanga, com o cabelo enroscado e amarrado no alto da cabeça. Ele veste uma guirlanda de serpentes Najas, e o rio Ganga (Ganges), flui do alto do seu coque.

Por detrás d’Ele nós vemos Seu fiel companheiro, o búfalo Nandi.

As serpentes - 
tal como aparecem nos sítios arqueológicos nas Américas... - que sempre aparecem em volta dos braços, pernas, cabeça e como colares... nesses deuses simbolizam a Sabedoria... 


Nataraja

A parte importante de Shiva na Trimurti é a destruição no mundo material após um ciclo de criação, Ele representa a visão cíclica do tempo conforme a visão do Hinduísmo.

É o Dançarino Cósmico – é o deus da criação e destruição, que sustenta através de sua dança, o ritmo interminável do Universo

A palavra sânscrita “nataraja” significa Rei (raja) do Dançarinos (nata). “o rei da dança”; e nesta forma diz respeito a dança da transformação ou da destruição, no fim de um ciclo, protagonizada pelo Senhor Shiva, fazendo, assim, o movimento eterno do universo.

Como sua dança, toda a criação se move de várias formas.

Quando a dança termina, o universo chega a um fim. 




A dança de Shiva simboliza não apenas os ciclos cósmicos de criação e destruição, mas também o ritmo diário de nascimento e morte, visto no misticismo indiano como a base da existência.

Ao mesmo tempo Shiva nos lembra que as várias formas do Mundo são Maya – não fundamentais mas em permanente mudança, portanto, ilusórias... e, na medida que segue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua dança que é na verdade, a contínua criação-destruição do Universo, a morte equilibrando exatamente o nascimento, o aniquilamento como o fim de tudo aquilo que veio à existência – por isso as coisas são consideradas Maya ou ilusórias...

Na crença hindu, todas as vidas são parte de um grande processo rítmico de criação e destruição, de morte e renascimento e a dança de Shiva simboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclos intermináveis.


Nas palavras de Ananda Coomaraswamy
em seu livro “The Dance of Shiva” – Nova York - 1969:

“Na noite de Brahman, a natureza acha-se inerte e não se pode dançar até que Shiva o determine:

ele se ergue dançando de Seu êxtase e, dançando, envia através da matéria inerte ondas vibratórias do som que desperta e, vede!, a matéria também dança, aparecendo como uma glória que circunda.

Dançando, Ele sustenta seus fenômenos multiformes.
Na plenitude do Tempo, dançando ainda, Ele destrói as formas e nomes pelo fogo e lhes concede novo repouso.

Isto é poesia e, contudo, também é ciência.”



Ele representa o eterno movimento do universo que foi impulsionado pelo ritmo do tambor e da dança. Apesar de seus movimentos serem dinâmicos, como mostram seus cabelos esvoaçantes, Shiva Nataraja permanece com seus olhos parados, olhando internamente, em atitude meditativa.

Ele não se envolve com a dança do universo pois sabe que ela não é permanente. Como um yogue, ele se fixa em sua própria natureza, seu ser interior, que é perene.




Em uma das mãos, Shiva Nataraja segura o Damaru, 



DAMARU
O tambor em forma de ampulheta representa o som da criação do universo.
 
e representa o masculino e feminino da criação, juntos numa mesma peça;
com o qual marca o ritmo cósmico e o fluir do tempo.

Segundo a mitologia, enquanto Shiva tocar o damaru o universo continuará existindo.

Na outra mão, traz uma chama, símbolo da transformação e da destruição de tudo que é ilusório.

As outras duas mãos, encontram-se em gestos específicos.
A direita, cuja palma está a mostra, representa um gesto de proteção e bênçãos - abhaya mudrá.
A esquerda representa a tromba de um elefante, aquele que destrói os obstáculos, o qual refere-se à força,



Siva dança sobre um anão, que representa a ignorância.

e a sua perna livre simboliza a liberação.

ao seu redor está uma roda de fogo, que representa o poder da renovação.

As chamas que o rodeiam, também, dizem respeito à energia pura, e o sagrado Mantra OM .

OM ou Aum
é o mais importante símbolo religioso do hinduísmo,
e significa o Espírito Cósmico.


No hinduísmo, o universo brota da sílaba OM.

É interessante comparar essa afirmação com a conhecido prólogo do Evangelho de São João: "No princípio era o Verbo (a sílaba, o som). E o Verbo era Deus. (...) Tudo foi feito por Ele (o Verbo) e sem Ele nada se fez."

É com o som do Damaru que Shiva marca o ritmo do universo e o compasso de sua dança.

As vezes, ele deixa de tocar por um instante, para ajustar o som do tambor ou para achar um ritmo melhor e, então, todo o universo se desfaz e só reaparece quando a música recomeça.








Lord Ganesha

Ganesha é o primeiro filho de Shiva e Parvati,

Senhor ou "senhor dos obstáculos," seu nome é também escrito como Ganesa e Ganesh, e é uma das mais conhecidas e veneradas representações de deus.

. 'Ga' simboliza Buddhi (intelecto) e
'Na' simboliza Vijnana (sabedoria).

Ganesha é então considerado o mestre do intelecto e da sabedoria.

Ele é representado como uma divindade amarela ou vermelha,
com uma grande barriga, quatro braços e a cabeça de elefante com uma única presa, montado em um rato.

É habitualmente representado sentado, com uma perna levantada e curvada por cima da outra.
Tipicamente seu nome é prefixado com o título Hindu de respeito 'Shri' ou Sri.



Ganesha é o símbolo das soluções lógicas, e deve ser interpretado como tal.

Seu corpo é humano enquanto que a cabeça é de um elefante,
e ao mesmo tempo, seu transporte (vahana) é um rato.

Desta forma Ganesha representa uma solução lógica para os problemas,
ou "Destruidor de Obstáculos".
 
 
Sua consorte é Buddhi (um sinônimo de mente) e ele é adorado junto de Lakshmi (a deusa da abundância) pelos mercadores e homens de negócio.

A razão sendo a solução lógica para os problemas e a prosperidade são inseparáveis.
 


Ganesha é também um arquétipo cheio de múltiplos sentidos e simbolismo que expressa um estado de perfeição assim como os meios de obtê-la.

Ganesha, de fato, é o símbolo daquele que descobriu a Divindade dentro de si mesmo.

Ganesha é o som primordial, OM, do qual todos os hinos nasceram.
Quando Shakti (Energia) e Shiva (Matéria) se encontram,
o Som (Ganesha) e a Luz (Skanda) nascem.

Ele representa o perfeito equilíbrio entre força e bondade, poder e beleza.
Ele também simboliza as capacidades discriminativas que provê a habilidade de perceber a distinção entre verdade e ilusão, o real e o irreal.

 
Cada elemento da imagem de Ganesha tem seu próprio valor e seu próprio significado simbólico:


• A cabeça de elefante indica fidelidade, inteligência e poder discriminatório;
• O fato dele ter apenas uma única presa (a outra estando quebrada) indica a habilidade de Ganesha de superar todas as formas de dualismo;
• As orelhas abertas denotam sabedoria, habilidade de escutar pessoas que procuram ajuda e para refletir verdades espirituais. Elas simbolizam a importância de escutar para poder assimilar ideias. Orelhas são usadas para ganhar conhecimento. As grandes orelhas indicam que quando Deus é conhecido, todo conhecimento também é;
• A tromba curvada indica as potencialidades intelectuais que se manifestam na faculdade de discriminação entre o real e o irreal;
• Na testa, o Trishula (arma de Shiva, similar a um Tridente) é desenhado, simbolizando o tempo (passado, presente e futuro) e a superioridade de Ganesha sobre ele;
• A barriga de Ganesha contém infinitos universos. Ela simboliza a benevolência da natureza e equanimidade, a habilidade de Ganesha de sugar os sofrimentos do Universo e proteger o mundo;
• A posição de suas pernas (uma descansando no chão e a outra em pé) indica a importância da vivência e participação no mundo material assim como no mundo espiritual, a habilidade de viver no mundo sem ser do mundo.


 • Os quatro braços de Ganesha representam os quatro atributos do corpo sutil, que são:

mente (Manas),
intelecto (Buddhi),
ego (Ahamkara),
e consciência condicionada (Chitta).

O Senhor Ganesha representa a pura consciência - o Atman - que permite que estes quatro atributos funcionem em nós;

- A mão segurando uma machadinha, é um símbolo da restrição de todos os desejos, que trazem dor e sofrimento. Com esta machadinha Ganesha pode repelir e destruir os obstáculos. A machadinha é também para levar o homem para o caminho da verdade e da retidão;

- A 2° mão segura um chicote, símbolo da força que leva o devoto para a eterna beatitude de Deus. O chicote nos fala que os apegos mundanos e desejos devem ser deixados de lado;

- A 3° mão, que está em direção ao devoto, está em uma pose de bênçãos, refúgio e proteção (abhaya);

- A 4° mão segura uma flor de lótus (padma), e ela simboliza o mais alto objetivo da evolução humana, a realização do seu verdadeiro eu.

O Senhor cuja forma é Om

Ganesha é também definido como Omkara ou Aumkara, 
que significa "tendo a forma de Om ou Aum.
De fato, a forma do seu corpo é uma cópia do traçado da letra OM do alfabeto Devanagari* - de deva "divindade" e nagari "urbana": "[escrita] urbana dos deuses"  
 
 
 
*O devanágari (देवनागरी, devanāgarī, de deva "divindade" e nagari "urbana": "[escrita] urbana dos deuses") é um abugida (escrita alfabeto-silábica) da família brâmica, do sul da Ásia, usada desde o século XII. Muitas línguas da Índia, como o híndi, o sânscrito, o marata, o caxemira, o sindi, o biari, o bhili, o concani, o bhojpuri e o nepalês, usam o devanágari. É escrito e lido da esquerda para a direita.




Por causa disso, Ganesha é considerado a encarnação corporal do Cosmos inteiro,
Ele que está na base de todo o mundo fenomenal (Vishvadhara,Jagadoddhara).

Além disso, na Linguagem Tamil, a sílaba sagrada é indicada precisamente por uma letra que relembra o formato da cabeça de Ganesha.

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