sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Fé e Ciência



A Ciência, por outro lado parece estar perdida entre diversos fatos concretos, aos quais já foram desenvolvidas diversas e discordantes teorias, e essa divergência indica claramente que não se alcançou ainda a Verdade.

Ciência e Religião estiveram sempre, desde tempos antigos, em completa oposição, cada qual buscando alicerçar suas teorias, desconsiderando por completo novas propostas onde ambas pudesse sintetizar a Verdade, e assim equívocos permanece como provas irrefutáveis, e tudo o que não se encaixa dentro de suas respectivas primícias, é considerada heresia por uma, e Mito por outra.

“Antigamente, aquele que exprimisse um pensamento novo, ainda não pensado, deveria contar com proscrições e perseguições...
‘O bom senso’, exclamou há quinhentos anos um cientista no tribunal, ‘deve dizer-nos que a Terra não pode ser um globo, pois se assim fosse, os homens situados na metade inferior se precipitariam no abismo!’

‘Em parte alguma da bíblia se afirma que a Terra gire ao redor do Sol. Portanto, uma afirmação nesse sentido é obra do diabo!’” E.Däniken - EDA? - 45

Assim Copérnico e Galileu foram condenados pelo Santo Ofício, Jesus foi crucificado, Sócrates condenado à morte, e Da Vinci se preocupou em esconder boa parte de seus estudos com medo de ser perseguido pela “Santa Inquisição”.

As religiões são baseadas nas Tradições, que é a construção gradual de um conjunto de conhecimentos, normalmente transmitidos por um mestre a seu discípulo, sendo um conhecimento coletado e verificado durantes incontável tempo, através do estudo profundo e complexo. Por outro lado, as Religiões também se apóiam em Revelações, que é de natureza completamente diferente, sendo a descoberta de conhecimento pela percepção profunda, os chamados “insight” [1], ou, em outras palavras, por processos psíquico-mentais que em determinado momento consegue estabelecer uma conexão entre conceitos, ou consegue obter respostas para questões complexas de forma inesperada. São momentos de Iluminação que fundem diversos dados em uma síntese.

A função das religiões deve, ou deveria ser, de informar, orientar e traduzir os conhecimentos metafísicos e da Tradição aos não iniciados. Na realidade cada religião espelha e reflete idéias comuns a determinado grupo, sendo diversas linguagens adaptadas àquele grupo, que se amolda de acordo com seu grau de consciência, conhecimento e capacidade de entendimento, para que possam assim ser compreendidos e assimilados.

O termo religião significa uma re-ligaçao com o plano divino, invisível e espiritual, o pontífice é aquele que “constrói as pontes”, aquele que liga o mundo material ao mundo do espírito.

Se acreditarmos em um único Deus, pouco importa qual nome é dado a Ele: Jeová, Alá, Brahman, Tao, Mente única etc. Do mesmo modo pouco importa como Deus é descrito nas diversas religiões, pois ele é um só e não está sujeito a esta o aquela definição.

Diz Eliphas Levi – cabalista 1891 – que:
“A religião não é uma servidão imposta ao homem, é um auxílio que lhe é ofertado. As castas sacerdotais têm procurado em todos os tempos explorar, vender e transformar esses auxílios em um jugo insuportável e a obra evangélica de Jesus tinha por objetivo separar a religião do sacerdote ou pelo menos de recolocar o sacerdote em seu lugar de ministro ou servidor da religião, restituindo à consciência do homem toda sua liberdade e sua razão...”
Citado em Papus pg. 50

E que Pietro Ubaldi completa:
“Alguns dos conceitos que dispondes são insuficientes, outros esgotados, outros tão recobertos de incrustações humanas, que por estas foram esmagados. A ciência, tão enceguecida de orgulho desde que nasceu, demonstrou-se impotente diante dos últimos “porquês” e, com a pretensão de generalizar partindo de poucos princípios, os mais baixos, vos prejudicou, abaixando-vos, fazendo-vos retroceder para aquela matéria que era a única que estudava... As religiões, tantas e – erro imperdoável – todas lutando entre si, exclusivistas na posse da Verdade e isso em nome do próprio Deus, aplicam-se não a procurar a ponte que as uma, mas a cavar o abismo que as divida. Anseiam em invadir o mundo todo, ao invés de se coordenarem no nível que lhes compete, em vista da profundidade da revelação recebida. Infelizmente, recobriram de humanidade a originária Centelha Divina.”
( A Grande Síntese pg. 32)

Sobre os sistemas da Gnose [2], diz Dr. Jung:
“ ...que Hipólito considera, com razão, filosóficos (naturais); estes, servindo-se, de um lado, da filosofia grega clássica e, do outro, das mitologias grega, do Oriente Próximo e egípcia, bem como da dogmática cristã e da cabalística judaica, fizeram tentativas, sumamente interessantes do ponto de vista moderno, de construir uma cosmovisão geral, nas quais os “physika” (os elementos físicos) desempenhavam um papel igual ao dos “mystika” (dos elementos místicos). Se estas tentativas tivessem sido bem sucedidas, o mundo não teria presenciado o estranho espetáculo de duas cosmovisões paralelas e contemporâneas que não queriam ou não podiam, ouvir falar uma da outra.... (Aion - 267)

Mas estas tentativas falharam, diante do conhecimento insuficiente dos fatos naturais. Chegou-se então, no decurso do século XVIII à notória incompatibilidade entre fé e ciência. À fé faltava a experiência e à ciência a alma. (A - 268)

...as ciências naturais e a filosofia de nossa época só conhecem o exterior, enquanto a fé só conhece o interior... A fé é absoluta, como a objetividade tradicional das ciências naturais e, por isso, nem a fé e a ciência nem os cristãos entre si conseguem chegar a um consenso. (A269)

“Em seu horror pelo sobrenatural – horror legítimo que, além disso, parece ter sido sempre a característica da verdadeira ciência – a ciência moderna rejeita impiedosamente cada tentativa que julga ser operada segundo princípios ignorados por seus dogmas estabelecidos...

Por seu turno, a religião tem horror da ciência; ela receia que a ciência divulgadora se ponha a esmiuçar suas práticas e lá descubra um reino de fatos, naturais e patentes que, reduzidos a suas justas proporções, tornariam inútil qualquer hieratismo
[3]; ela teme, em poucas palavras, que o sábio assuma o lugar do sacerdote...”
P.V.Piobb - Formulário de Alta Magia - pg 12

Diz Alan Kardec que:
A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana: uma revela as leis do mundo material e a outra as do mundo moral. Tendo, no entanto, essas leis o mesmo princípio, que é Deus, não podem contradizer-se. Se fossem a negação uma da outra, uma necessariamente estaria em erro e a outra com a verdade...A incompatibilidade que se julgou existir entre essas duas ordens de idéias provém apenas de uma observação defeituosa e de excesso de exclusivismo, de um lado e de outro. Daí o conflito que deu origem à incredualidade e à intolerância.


...a Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, tem de levar em conta o elemento espiritual, e em que a Religião, deixando de ignorar as leis orgânicas e imutáveis da matéria, como duas forças que são, apoiando-se uma na outra e marchando combinadas, se prestarão mútuo concurso. Então, não mais desmentida pela Ciência, a Religião adquirirá inabalável poder, porque estará de acordo com a razão, já se lhe não podendo mais opor a irresistível lógica dos fatos.


A Ciência e a Religião não puderam, até hoje, entender-se, porque, encarando cada uma as coisas do seu ponto de vista exclusivo, reciprocamente se repeliam. Faltava com que encher o vazio que as separava, um traço de união que as aproximasse. Esse traço de união está no conhecimento das leis que regem o Universo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo, leis tão imutáveis quanto as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres.”
Evangelho Segundo o Espiritismo

“ Sem a fé, a ciência leva à dúvida; sem a ciência a fé leva à superstição. As duas reunidas dão a certeza, e para uni-las é necessário jamais confundi-las..

A ciência constata os fatos. Da repetição dos fatos ela prejulga as leis. A generalidade dos fatos em presença de tal ou tal força demonstra a existência das leis. As leis inteligentes são necessariamente desejadas e dirigidas pela inteligência. A unidade das leis faz supor a unidade da inteligência legislativa. Esta inteligência que somos forçados a supor segundo as obras manifestadas, mas que nos é impossível definir, é o que chamamos de Deus!”
Eliphas Levi – 1891 – Papus pg 40

“O conflito entre ciência e religião é, na realidade, um desentendimento entre ambas. O materialismo científico apenas introduziu uma nova hipóstase[4], e isso é um pecado intelectual. Ele deu outro nome ao princípio supremo da realidade, afirmando que, com isso, criava uma coisa nova e destruía a antiga. Quer se chame o princípio da existência de “Deus”, “matéria”, “energia”, ou qualquer outro nome que se queira dar, nada se cria; simplesmente, muda-se um símbolo. O materialista é um metafísico malgré lui. Por outro lado, a fé tenta reter uma condição mental primitiva em bases meramente sentimentais. Ela reluta em abandonar a relação primitiva e infantil que mantém com as figuras criadas pela mente e nela hipostasiadas, quer continuar a desfrutar da segurança e da confiança de um mundo ainda presidido por pais poderosos, responsáveis e bondosos. A fé pode implicar um sacrificium intellectus (contanto que exista um intelecto para sacrificar), mas com certeza não um sacrifício do sentimento. Deste modo, os crentes permanecem crianças em vez de se tornarem como crianças, e não ganham a sua vida, pois não a perderam. Além disso, a fé entra em choque com a ciência e, assim, fica desamparada, pois se recusa a compartilhar da aventura espiritual da nossa época.”
Dr. Jung
Comentário psicológico feito no Livro Tibetano da Grande Libertação pg. XXX

“... Ainda que um exército reacionário de detentores do Prêmio Nobel esteja tentando opor barreiras a essa nova alavanca espiritual, será preciso, em nome da verdade e da realidade, conquistar um mundo novo contra todos aqueles que não querem aprender. Quem há vinte anos[5], falasse a respeito de satélites artificiais em círculos científicos, cometia uma espécie de suicídio acadêmico...”
Däniken - EDA? – 45

A própria Ciência oficial, tem criado obstáculos ao progresso científico, Édison foi apedrejado, Ford combatido, Santos Dumont menosprezado, e tantos outros de uma lista sem fim, até que suas teorias foram, por seus sucessores, confirmadas...

Em artigo publicado pela revista Veja de alguns anos atrás, mas já no 3° milênio, mostra que 52% dos universitários entram em choque com o ensino por serem eles partidários do Criacionismo – hipótese de que o mundo foi criado por Deus há uns 6.000 anos atrás, conforme os textos bíblicos - e, portanto, os fósseis e todas as demais descobertas científicas, como a idade do planeta Terra, que contrariam essa idéia, são rejeitadas por eles...

Mas, para compartilhar da aventura espiritual de nossa e de todas as outras épocas passadas e futuras, é necessário nos livrarmos de condicionamentos há muito introduzidos em nossas mentes pela cultura judaico-cristã. Isso é um fato incontestável, e mesmo aqueles não ortodoxos, inconscientemente se acham, da alguma forma, influenciados por dogmas que nada explicam e tudo afirmam. Uma experiência de etnologia exemplifica muito claramente essa minha afirmativa:

Um grupo de cientistas colocou em uma jaula 5 macacos.
No meio da jaula uma escada e sobre ela um cacho de bananas.
Toda vez que um macaco subia a escada para pegar as bananas, um desagradável jato de água fria era jogado sobre os outros que estavam no chão.
Depois de certo tempo, quando um macaco, mais teimoso ou esfomeado, tentava subir na escada, os outros o enchiam de pancadas.
Mais algum tempo, todos os 5 macacos ignoram as bananas no alto da escada.
Então um dos macacos foi substituído por outro que não havia sido condicionado, a primeira coisa que esse novo elemento fez, foi tentar subir na escada, e os outros 4 o encheram de pancadas. Depois de algumas vezes de tentativas e surras esse novo elemento passa a ignorar as bananas.
É introduzido então um segundo substituto, sendo retirado um dos 4 que estavam desde o começo da experiência. O mesmo ocorre sendo que o primeiro substituto participa da surra com entusiasmo.
E, assim sucessivamente, todos os 5 macacos iniciais foram substituídos, ficando então na jaula indivíduos que não foram condicionados pelo jato de água fria, mas que continuaram batendo naquele que tentasse pegar as bananas.

A conclusão dessa experiência é clara e dispensa maiores considerações a respeito, muito mais frequentemente do que possamos imaginar, nossos atos, convicções e crenças, são condicionamentos que recebemos de fora, da cultura social e familiar, e não raciocinamos a respeito delas, apenas as engolimos como sendo ‘nossas e verdadeiras’.

[1] Introspecção.
[2] alta teologia e filosofia dos magos, que buscavam uma conhecimento completo e transcendente da natureza e dos atributos de Deus, que não se satisfaz com o dogma, e portanto a Gnose sempre foi combatida pela Igreja de Roma.
[3] Relativo aos sacerdotes – a tradição litúrgica, o sagrado, o religioso.
[4] Em teologia, que forma uma só pessoa, Deus enquanto trindade é uma hipóstase.
[5] Este livro foi editado pela primeira vez em 1968

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...