domingo, 18 de novembro de 2007

10 - Zoroastro – Masdeísmo





“...houve vários Zarathushtras, ou Zertusts; só o Dabistam enumera treze; mas todos estes eram reencarnações do primeiro. O último Zoroastro foi o fundador do templo do Fogo de Azareksh, e o escritor das obras da religião primitiva dos Magos, destruídas por Alexandre.”
A Doutrina Secreta – H.Blavatsky – vol.III - 1914

Entre aproximadamente os anos de 660 a 583 ac, este último Zoroastro,instituiu a casta dos Magos, ou Sacerdotes, entre os quais, segundo o texto bíblico, foram guiados por uma estrela até Belém, para adorarem Jesus. (Mateus cap. 2)

Mas, segundo Leterre, o Zenda-Avesta - livro sagrado dos Masdeísmo – foi escrito s de 2.300 anos antes de Moisés, ou seja, algo em torno de 3.500 anos AC., cujas doutrinas deixam raízes em várias regiões, uma vez que os persas, um povo indo-europeu, vindos da região do oriente do Cáucaso, seguiram para o sudoeste fixando-se ao norte do Golfo Pérsico, sendo uma civilização basicamente guerreira que em 539 AC dominam a Babilônia.

A doutrina Madeísta admite dois princípios antagônicos:
Masda ou Ormuzd – o princípio do bem, o criador do mundo, personificando a retidão, a pureza e a luz, tendo como auxiliares outros seis espíritos superiores e uma infinidade de gênios inferiores espalhados pelo Universo, formando assim uma hierarquia espiritual, tal qual encontramos na religião judaico-cristã – Deus e seu exército de Anjos.

Arimânio ou Arimã – o princípio do mal, representado por uma serpente e, da mesma forma, possui sua hierarquia de demônios ou gênios nocivos, que estão sempre tentando destruir a obra benéfica de Masda.

Os seguidores de Masda, são beneficiados com o Paraíso, e os outros, os seguidores de Arimânio, castigados no Inferno. Parece que o Diabo é tão ruim, que mesmo os seus seguidores são castigados por ele.

Essa luta entre o Bem e o Mal, será um dia finalmente vencida pelo Bem e pela perfeição, dia esse quando até os infernos serão purificados.

De qualquer forma, o que interessa saber é que esse conceito da ‘dualidade’ que também surge no Taoísmo, toma as proporções de Bem e Mal, no pior sentido, por certas vertentes religiosas, e se pudermos aceitar as datações como exatas, esse último Zoroastro – 660 a 538 AC - é anterior ao exílio dos judeus na Babilônia – 586 a 538 AC -, podemos então aceitar como verdadeira a influência de tradições estrangeiras nos textos bíblicos escritos, a maior parte deles, durante o exílio. Além do mais, o termo ‘paraíso’ é um vocábulo persa.

Na última parte do Avesta encontramos o seguinte:
“Orzmud, o Deus bom, colocou na terra o primeiro homem e a primeira mulher...,
Destinados a morrer como todos os seres criados.
Prometeu-lhes constante felicidade neste e no outro mundo,
Com a condição de o adorarem como sendo o Autor de todos os bens.
Durante muito tempo o casal se conformou com isso...
Eram puros, e executavam santamente a vontade de Orzmud...
Mas, um dia, o Deus do Mal, Arimã, apareceu-lhes
Sob a pele de uma serpente, sua forma habitual,
Os enganou, pela habilidade de sua palavra, e fez-se adorar por ele,
Como sendo o princípio de tudo quanto era bom:
Desde então, suas almas foram condenadas ao inferno até a Ressurreição.
A vida tornou-se-lhes cheia de penas e sofrimentos;
Tiveram frio, fome e sede, e, aproveitando-se dos seus tormentos,
Um demônio veio, e lhes trouxe uma fruta, sobre a qual eles se atiraram sedentos.
Foi a segunda fraqueza, em conseqüência da qual seus males dobraram.
Sobre cem prazeres anteriores só lhes restou um.
Caminhando, então, de tentação em tentação, de queda em queda,
Joguetes dos demônios e da miséria,
Só conseguindo prover a existência à força de invenção e de fadigas...”
Fonte –A. Leterre – A vida Oculta e Mística de Jesus – pg. 167. – Editora Madras

Tanto este texto, quanto tantos outros textos da Tradição, podem ser lidos ao pé da letra, como uma história real, ou como uma alegoria, que encerra uma mensagem ‘oculta’, ou, em outras palavras, um conceito moral contido dentro de uma metáfora ou simbolismo, como Jesus fez durante sua missão. Filosoficamente falando, este texto, indica que a condição de felicidade real não está nos deleites de uma vida que busca o prazer, aqui representado pela adoração ao demônio, do mesmo modo como a doutrina de Jesus condena a busca de riqueza e de bens materiais.

“Mas ai de vós os ricos!
Porque já tendes a vossa consolação.
Ai de vós, os que estais fartos, porque tereis fome.
Ai de vós que agora rides,
Porque vos lamentareis e chorareis.
Lucas – cp 6 – 24 e 25

O mesmo encontramos nos textos do Oriente:

“Se tua Alma sorri ao banhar-se na luz solar de tua Vida;
Se tua Alma canta dentro de sua crisália de carne;
Se tua Alma chora em seu castelo de ilusões;
Se tua Alma rompe o fio de prata que a liga ao Mestre
Sabe ó discípulo que a tua Alma é da terra”
A Voz do Silêncio- cap. I - 14[2] - H.Blavatsky

“Não ajunteis tesouros na terra,
Onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam
Mas ajuntai tesouros no céu
Porque onde estiver o seu tesouro
Aí estará o vosso coração.”
Mateus 6 – 19 a 21

"Assim é aquele que para si ajunta tesouros,
Não é rico para com Deus."
Lucas 12 – 21

"A riqueza e as propriedades são ilusórias,
Emprestadas para o uso imediato.
Não mostreis excessivo apego a elas,
Nem as acumuleis..."
Phamdapa – guru do Budismo tibetano
Fonte – O Livro Tibetano da Grande Liberação – W.Y.Evans-Went – pg. 182 – Ed.Pensamento

“.Aquele que revela simplicidade entra na lua
E nunca mais se submete a provas fatais.
Isto se chama herdar o eterno.”
Tao – verso 52

Na verdade, todas as grandes doutrinas, ensinam e pregam as virtudes da humildade, da simplicidade, do amor ao próximo, da caridade etc., como caminho ao desenvolvimento espiritual e, portanto, à Redenção, que, ao contrário como é interpretada, a Redenção é uma regualificação mental, uma renovação, um alcançar um estágio superior de consciência e de espiritualidade, não sendo portanto uma salvação vinda de um deus, mas em virtude de um esforço individual e consciente em evoluir, não através de penitências sem sentido, cultos, rezas intermináveis, etc., porque toda saída dos planos mais baixos de nível de consciência, implica obrigatoriamente em esforço, trabalho e determinação.

Na Bíblia temos João Batista em suas pregações, em sua missão de preparar o povo para receber a doutrina de Jesus.dizendo:
“Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” - Mt.3.2

Na verdade, o texto original grego é o seguinte: “pantas pantachon metanoien” onde o verbo “metanoien” significa “mudar de mente” ou mudar a forma de pensar, que a Vulgata traduziu por “poenitentiam agere” – fazer penitência (eles adoram isso!), ajoelhar no milho, auto-flagelação, e outras coisas do gênero, como se isso pudesse fazer ‘as portas dos céus se abrirem’. Fácil não?

Por certo, todos os cristãos, e também os não cristãos, consideram Jesus um grande Mestre, mas seus ensinamentos estão longe de serem praticados. São fáceis de serem entendidos, mas muito difíceis de serem vividos enquanto postura de vida. Mas é somente através do cumprimento dessa maravilhosa doutrina é que poderemos alcançar a Redenção. A natureza humana, ainda imperfeita, está mais propensa à necessidade descontrolada de conforto, de bens materiais, e de resoluções imediatas, busca sempre atalhos que possam favorecer, de algum modo seus interesses imediatos e ‘urgentes’ não hesitando, na maioria das vezes em lançar mão de subterfúgios menos dignos para obter o seu ‘objeto de desejo’.
A ganância, o egoísmo, a avareza, o ódio, a falta de caridade, de solidariedade, de fraternidade, são, sem sombra de dúvida os demônios que nos tentam diariamente e contra os quais devemos lutar. Esses ‘demônios nos aprisionam à materialidade, ao plano material, não permitindo assim nossa evolução espiritual e nossa Redenção ou Libertação ou Iluminação.



[2] Este livro escrito por H.P.Blavatsky, apresenta a doutrina contida em O Livro dos Preceitos Áureos, que os místicos orientais são obrigados a conhecer e seguir.

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