Em tópico de uma comunidade um representante da ICAR (um padre)
respondeu à seguinte pergunta:
“O que é preciso
para ser filho de Deus?
Ser batizado em
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Quem não foi
batizado, é mera criatura de Deus.
A diferença entre
ser filho e criatura, é que o filho tem direito à herança do Pai.
Já a criatura, não
tem direito algum.”
Em
outro momento do mesmo tópico esse representante da ICAR afirma que:
“Jesus Cristo sempre enfatizou a necessidade do batismo para
a salvação.”
Será mesmo?
O Sacramento do Batismo foi formulado para “purificar” o
pecado original, cabendo a São Cipriano (258 d.C) a tarefa de criar o dogma do
batismo inspirando-se em João Batista – um essênio – que propagou a prática do
batismo na Palestina, como ritual de sua seita que tinha analogia com as
abluções do Bramanismo, do Budismo e do Judaísmo.
Os brâmanes tinham como costume a purificação pela água, e
mergulhavam-se na água de manhã e à tarde, acreditando que todos os atos maus
poderiam ser assim lavados literalmente. Certa vez um deles foi visitado por
Gotama (o Buda) que lhe disse:
“A religião é um lago, ó brâmane! E a ética não é o batismo,
límpido, estimado pelo maior dos sábios, no qual deve fazer suas abluções.”
Mas, a confusão de
opiniões sobre o batismo se arrastou por vários séculos. São Tertuliano (115 a
220 d.C) dizia que as crianças não precisavam ser batizadas por serem elas
inocentes, e mesmo os adultos poderiam ser dispensados do sacramento se
tivessem fé, concordando com Paulo que afirma que as crianças nasciam puras.
O Papa Pelágio (555 a 561) declarou ser necessário no
batismo a invocação da Trindade; mas o Papa Nicolau I (858 a 867) dizia que
bastava ser em nome de Jesus. O Papa Teodósio chegou a decretar a decapitação à
todos os não batizados – um modo bem comum da Santa Igreja de converter os
pagãos. A Igreja também muito frequentemente batizava e benzia canhões,
espadas, navios de guerra e outras armas mortíferas.
Aliás, Maria, os apóstolos, e demais seguidores de Jesus
nunca foram batizados, devendo, portanto, estarem agora na condição de
criaturas de Deus sem o direito à herança do Pai – busquem nos Evangelhos se há
alguma referência de Jesus batizando alguém, se ele considerava o batismo uma
necessidade por que não praticou esse “sacramento” como fazia João?
A Igreja alega que Jesus foi batizado. Ora, se o batismo
católico tem como objetivo central apagar o suposto pecado original, o batismo
de Jesus realizado por João é um contra-senso, uma vez que a Igreja o apresenta
como Filho de Deus – (como a 2° pessoa da trindade), afirmando ainda que ele é
Deus. Devemos, portanto supor um outro motivo para o batismo de Jesus por João
– não seria apenas uma forma de Jesus
indicar que João fazia parte de sua doutrina?
Em Mateus 1:9 a 11, Lucas 3: 21 a 22, João 1: 32 a 34, temos
o relato do batismo de Jesus por João Batista.
Em Marcos 16:15 a 18, temos que Jesus depois de ressuscitar
manda os discípulos irem por toda a parte pregando o Evangelho dizendo:
v. 16 – que, crer em mim e for batizado será salvo, quem não
crer será condenado.
v. 17 - Estes sinais seguirão os que crêem:
Em meu nome
expulsarão os demônios.
Falarão
línguas novas
Pegarão em
serpentes
Se beberem
alguma coisa mortífera não lhes fará dano algum
E porão as
mãos sobre os enfermos e os curarão.
Isso soa familiar?
A Bíblia da CNBB comenta Marcos 16:9 a 20:
“Esse trecho difere muito do livro até aqui, por isso é considerado obra
de outro autor....” Mas que autor? Seria ele São Cipriano – Bispo de Cartago
mártir em 258 d.C? Sei não.....
Lucas, Mateus e João nada falam sobre a necessidade do batismo, apenas
relatam as atividades de João realizando batismos. (Marcos 1:1 a 8, Lucas 3:1 a
18, João 1: 6 a 8 e 19 a 36, Mateus 3:1 a 11”)
Respondeu João à todos, dizendo: “Eu na verdade, batizo-vos com água,
mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu... esse vos batizará com o
Espírito Santo e com fogo.”
Lucas 3:16 e Mateus 2:11
Em Atos 1:5 , temos o seguinte:
“Porque na verdade João batizou com água, mas vós sereis batizados com o
Espírito Santo não muito depois destes dias.”
Em a Atos 2:1 a 13, temos o relato do dia do Pentecostes, quando todos
reunidos, vem do céu um forte vento, e línguas de fogo posaram sobre as cabeças
dos apóstolos, e todos começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito
Santo lhes concedia falar. (é interessante ler tudo – como também a profecia de
Joel cap.1:15, cap. 2:2 cap. 2: 28 a 32,)
Na realidade, o Espírito Santo sempre que se manifestas (nos textos
bíblicos), acontece uma ampliação do conhecimento, e fala-se daquilo que não se
“sabe”, ou que não teria meios de saber:
Lc.1:15 – João Batista é cheio do Espírito Santo
Lc. 1:41 – Isabel é cheia do Espírito Santo e reconhece Maria como mãe
de Jesus.
O Espírito Santo quando atua sobre alguém, produz o Conhecimento da
Verdade, é uma Iluminação, um verdadeiro Batismo de Fogo, um alargamento da Consciência. Simbolizado por
uma pomba, cuja alegoria devemos buscar no conceito de que o Espírito
Santo era representado pela ave Astarte
– a pomba, também chamada Sophia – do grego significa Sabedoria, sendo o Logos
feminino dos gnósticos, a Mente Universal, a Sabedoria Divina personificada.
Temos então que o Batismo a que se refere Marcos, não é o batismo com
água, mas o Batismo de Fogo ou Iluminação - Sabedoria, o qual poderá ser obtido
através da compreensão profunda da doutrina que Jesus deixou somente aos seus
adeptos mais próximos, a doutrina que é a “água da vida”.
Esse mesmo conceito encontramos no Budismo– onde a busca é a Iluminação,
o estado de
Buddha (Sánscrito).- Literalmente: "o Iluminado". O mais alto grau de Conhecimento dos
completamente despertos e purificados – a Emancipação Final alcançando o Estado
Perfeito no plano do Nirvana – ou seu equivalente cristão da redenção ou
ressurreição.
O Zem utiliza o termo Satori que também significa Iluminação.
E no Hinduismo no estado de Mokcha ou Moksha (Sânscrito) literalmente
“Libertação” “Desligamento”, “Salvação”, “Beatitude” e “Emancipação”, dos vínculos da carne, da vida e das dores
na terra. Neste estado, o Espírito isento de uma nova reencarnação, é absorvido
pelo Espírito Universal, alcançando assim o Nirvana.
Enquanto o ocidente crê na salvação pela graça de Deus – uma dádiva que
vem dos céus, por aceitarem uma só vida, e o dogma de que fora da Igreja não há
salvação, o oriente entende que a salvação é conquista pessoal e individual,
evolução e aprimoramento mental-espiritual até o mais alto nível, a do budado
ou Iluminação, estando muito mais à vontade de assumir essa idéia por aceitarem
sem restrições a reencarnação.
“Sem o conhecimento não existe meditação, sem meditação não existe o
conhecimento. Aquele que possui tanto o conhecimento quanto a meditação está
próximo do Nirvana.” O Buda
Voltando então ao Batismo como rito de Purificação, este era celebrado
durante as cerimônias de Iniciação em tanques sagrados da Índia, idêntico ao
rito estabelecido por João Batista e praticado por seus discípulos essênios. (ver
tópico – Iniciação)
Ninguém, diz A. Besant, pode alcançar as sublimes mansões onde moram os
Mestres sem haver passado pela estreita porta da Iniciação, a porta que conduz
à vida eterna. Para que o homem possa
cruzar os umbrais dessa porta, há de ter alcançado o mais alto grau de
evolução, a ponto de não mais ter interesse em tudo o que pertence à vida na
Terra, salvo o poder de servir com toda abnegação aos Mestres e ajudar na
evolução da humanidade, mesmo à custa dos maiores sacrifícios pessoais.
Eu sou a porta, eu sou o caminho. Se alguém quiser vir após mim,
negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me – disse Jesus.
O processo Iniciático acompanha uma expansão da consciência o que se
chama “a nave do conhecimento”, que é também a nave do poder, pois nos reinos
da Natureza “saber é poder”.
Se resta ainda alguma dúvida, quero lembrar que os Batizados de Marcos
têm como sinal poderes especiais: expulsarão os demônios, falarão línguas novas, pegarão em
serpentes, se beberem alguma coisa mortífera não lhes fará dano algum, e porão
as mãos sobre os enfermos e os curarão – como Jesus fazia !!!!!!!!!!! curar
mesmo sem sombra de dúvida, fazer paralítico andar, cego ver e morto levantar,
total domínio do Espírito sobre a matéria. Os Batizados pela ICAR têm esses
poderes?
Quero ver os “Batizados” que se dizem ungidos pelo “Espírito Santo”
realizarem verdadeiramente todas essas proezas.... Falar língua estranha
que ninguém entende até um bebê consegue, expulsar demônios ????? os terreiros
de Umbanda também fazem, e nem por isso se dizem “ungidos”. Bebam um copo de
cicuta, por favor, para provar que estão sob a influência do Espírito Santo.
Manipular o Sagrado é um crime sem precedentes.
Aceitar dogmas sem pensar é signo de ignorância.
Fontes –
Bíblia – tradução de João Ferreira de Almeida
Bíblia editada pela CNBB - 1990
Formulário de Alta Magia – P.-V.Piobb – Ed. Francisco Alves
Glosário Teosófico – H.P.Blavatsky – versão digital em espanhol
A Vida Oculta e Mística de Jesus – Leterre – Ed. Madras
O Livro Tibetano da Grande Liberação – W.Y.Evans-Wentz – Ed. Pensamento
Dinâmica do Inconsciente - Jung
Excelente post, nos faz refletir mais sobre nós.
ResponderExcluirÉ um pensamento diferente da maioria porém muito interessante.
Esclarecedor, um post excelente e com importantes informações.
ResponderExcluirMuito obrigado por suas elucidações!
grata por sua participação
ResponderExcluirfeliz que tenha apreciado :)
Muito bom, suas pesquisas revelam coisas que a religião ainda esconde.
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